Ouvir para Além das Palavras

O voluntariado moldou quem eu sou. Ao longo dos anos, aprendi que ouvir verdadeiramente pode ter um peso extraordinário. Prestar apoio emocional não é apenas algo que faço — é a forma como vejo o mundo. Aproximo-me das emoções com curiosidade e cuidado, quase como um detetive a juntar peças de uma história para oferecer de volta conforto e compreensão.
Uma história que me marcou foi a da Maria (nome fictício). Com apenas três anos, foi entregue a estranhos para ser contrabandeada através de uma fronteira. Mais de cinquenta anos depois, ela ainda se lembra do medo e da confusão, perguntando-me: "Como é que os meus pais confiaram em pessoas desconhecidas para ficarem comigo?" Foi uma pergunta justa e comovente. E, por mais cruel que pareça, era a realidade das circunstâncias — um ato desesperado, nascido do amor e da necessidade.