O Silêncio do Afastamento

16-09-2025

Maria tem apenas 73 anos, mas carrega o cansaço de alguém vinte anos mais velho. Deitada na cama do hospital, espera—incerta quanto ao que virá—sabendo que já não pode viver sozinha. Viúva de um passado tempestuoso, sofre com o afastamento do filho e da filha.

Ninguém veio ao seu lado. O que a envolve não é apenas o silêncio do quarto, mas o silêncio da distância—uma mistura pesada de tristeza e de um sentimento de falhanço.

Não consigo deixar de sentir que a sua dor por esta rutura é muitas vezes minimizada, como se reconhecê-la fosse expor a devastação dentro do seu sistema familiar. No entanto, para mim, a sua dor é inconfundível. Ela sente o peso desse afastamento a cada respiração, a cada momento.